sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Everlong

“I love play in big shows, i Love play in big cities, but i Love shows like this, face to face, where i can see your funcking faces. Yes! I can see your fucking face (…) I’ll come back for you”
[Dave Grohl – Foo Fighters]

O céu nublado e a promessa de chuva, os km andados a pé pra chegar até o palco e toda a correria de uma quarta feira que começou comum, mas acabou na “eternidade”, se é que você me entende.
É sobre essa noite de meio da semana que eu quero falar hoje, dia 28 de janeiro de 2015, o último show de SONIC HIGHWAYS WORLD TOUR no Brasil.
21 anos sem uma turnê por aqui e especialmente para os Belo Horizontinos que tiveram um show cancelado. Foi a primeira vez na história dessa cidade que Dave Grohl resolveu visitá-la. A expectativa? De um show épico, de algo que nunca mais esqueceríamos... afinal de contas é um prazer imensurável receber um ídolo em sua cidade natal.
Há aqueles que se desesperaram e compraram os ingressos no primeiro dia em que as vendas foram abertas. No meu caso, eu só me desesperei, mas não pude comprar o ingresso. O coração ficava apertado com medo de ficar de fora dessa experiência. Foram dois meses praticamente vendendo o almoço pra tentar juntar a grana que eu não tinha pra poder assistir meus ídolos no palco. No fim, 5 dias antes do show, eu consegui!
Com o ingresso na mão e a ansiedade tomando conta do peito, os dias passaram bem devagar. Fui em busca de uma nova camiseta da minha banda favorita, faltando dois dias... e caramba... não tinha mais camisas do Foo Fighters nessa cidade. No fim das contas, foi melhor assim.. liguei o computador e montei minha própria arte... mandei imprimir e acabou saindo por 1/3 do preço que estavam cobrando por uma camisa nas lojas. 
Camisa vestida, ingresso no bolso, tudo pronto! Depois de uma quarta-feira turbulenta no trabalho e de rodar a cidade inteira, finalmente fui para a esplanada do Mineirão. Cheguei tarde. Quando desliguei o motor da moto escutei a primeira música começando: “Something from nothing”, e em meio a garoa que caía por ali, saí correndo pra não perder muito.
Enquanto dava a volta no Mineirão pra achar minha entrada de pista comum, já ouvia “The Pretender”, corria e enquanto gritava, cantava, pulava.. quando consegui entrar já estava no fim de “Breakout” e eu nem sabia mais pra onde ir.. aquela multidão e eu tão pequena. Não via o palco, não via o Dave, não via nada.... fui me enfiando no meio daquelas pessoas, até que achei um lugarzinho, num degrau que dava pro centro do palco e ali fiquei a noite inteira
Foi quando o Dave disse algumas palavras e logo depois tocou “Big me”.. e foi exatamente daí pra frente que eu saí completamente de mim.
A chuva que prometia não caiu, a esplanada que prometeu não encher se encheu... aquela era uma noite que deveria ser guardada na memória. Como toda primeira vez deve ser.
A única coisa que lamento foi não ter sentindo que a multidão retribuiu como Foo Fighters realmente merecia. Pelo menos não ali onde eu estava. Pra mim faltaram mais palmas, faltaram mais gritos, mais “cantar junto”, mais participação... Sabe, o povo mineiro não anda muito acostumado com shows como este. Eles mereciam, COM TODA A CERTEZA DO MUNDO, uma multidão calorosa, que cantasse aos berros todas as músicas do playlist e que pulasse o tempo todo, e, no fim, saísse dali sem voz e cansada.
Mas tudo bem, nem mesmo a empolgação nível médio de quem vi por ali foi capaz de mudar o que estava preparado para aquela noite. Dave Grohl prometeu e cumpriu, disse que gostaria que aquela noite tão linda nunca fosse esquecida. Pelo menos pra mim nunca será! Depois de tanta luta e correria, conseguir ver o meu ídolo ali na minha frente, cantando as canções que fizeram parte da minha adolescência e ainda fazem até hoje. Enquanto estava ali não havia mundo lá fora, não havia mais nada além de mim, Dave, Taylor, Chris, Nate, Pat e Rami.
As palavras do Dave me fizeram arrepiar, senti um aperto no peito de quem se sente agradecido por estar ali. Enquanto ele falava, não segurava o riso bobo na cara, que não acreditava que aquele cara ali no palco estava sendo tão simpático. Antes mesmo de pedirmos, ele prometeu voltar...  e eu já nem sabia onde guardar tanto amor no meu peito. 
"Não sabemos como nos despedir" disse Dave e para confirmar tudo que já havia dito, finalizou o show com "Everlong"... a música que traduzia exatamente o que eu sentia naquele momento.
Obrigada Foo Fighters, por mais uma noite inesquecível e mágica.
Ficam aqui minhas lembranças e um pedido de “voltem logo”!

Eu e Rami Jaffee