terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Sonho..

Quando acordei já era tarde, a noite fria passou, mas a minha saudade não foi junto.

Levantei, abri a janela e o sol brilhou, alcançou meu rosto. O dia nasceu lindo, diferente do meu interior.. que se contentava com tão pouco.

Andei pelo quarto, circulando, saí, voltei.. Voltei pra cama. Não havia um porque de ficar acordada, não havia um porque procurar o que fazer. Tudo tão estranho, aquilo ali, aquela realidade de saber que o que eu quero está tão longe de mim, de ter que aceitar pequenos momentos, de parecer idiota.

levantei de novo, me sentei no chão e comecei a riscar umas folhas, peguei o meu violão e toquei com tanto ódio que uma corda acabou arrebentando.. Continuei.. executando qualquer nota, qualquer ritmo, até que ouvi alguém me chamar..

- GI !?

Fui até a janela e não vi ninguém, desci, abri o portão.. e novamente eu vi um vazio.

Subi, guardei o violão, me tranquei pra ver se conseguia chorar, mas meu ódio tão imenso me tornou orgulhosa.

O tempo passando e eu simplesmente NADA. Adormeci.

Acordei com alguém me chamando..

- EI.. GI.. TÁ AI?

Fui até a janela de novo, arrumando a cara de morta. Esfreguei os olhos e o sol lá fora iluminava exatamente ele.. aquele dono das minhas lágrimas inconsequentes. Estava tão mal que preferi acreditar que era ilusão. Me deitei.

Os gritos lá fora continuavam.. eu levantei e desci, abri o portão e ele ainda estava lá. Esfreguei de novo os olhos, mas antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo..

- Por que não abriu pra mim? já to te chamando há um tempão.

- É você mesmo?

- Claro..

- O que está fazendo na minha porta? O que está fazendo aqui??

- Não gostou? quer que eu vá embora?

- Não, mas por qual motivo você veio me procurar?

- Eu vim te visitar.

Eu estava confusa, minha cabeça estava rodando. Então o convidei pra entrar.

Subimos, ele se sentou no sofá. Eu não ofereci nada, porque eu não tinha preparado nada. Na verdade eu não sabia o que fazer com aquele homem na minha casa.

- Gi, senta aí. Você tá estranha.

- Estou sem reação. Isso foi muito inesperado. Tem algo pra me dizer?

- Sim.

- O quê?

- Calma. Pra que toda essa pressa?

Nem precisei responder, pra ele sentir o meu nervosismo. Decidi tomar uma água. Tomei. Voltei pra sala e sentei ao seu lado.

- Bom, já que você está aqui.. e aí? Como vão as coisas? Tem novidades?

- Só tô trabalhando muito. E você?

- Nada, mesmo.

Eu não conseguia puxar assunto, ele não procurava. Não resisti e parei pra olhar aqueles olhos que eu gostava tanto.

Silêncio profundo e eu admirando aquele olhar, que me olhava como a primeira vez que me viu, misterioso, escuro e ao mesmo tempo penetrante, cativante.

Eu me aproximei, ele se aproximou, eu não pensava. Parei. Desisti de tentar. Ele me olhava como alguém que não entende o que acontecia. Não se arriscou mais, muito mesmo eu.

O clima foi ficando chato.

- Acho melhor eu ir embora.

Eu não sabia se pedia pra ele ficar ou se o deixava ir. Eu queria que ele ficasse, eu queria tentar.

- É.. Bom.. Você que sabe!

Olhei de novo aqueles olhos e me dei conta de que estava perdendo a maior das oportunidades.

Ele se levantou e fomos andando até a porta, ele me abraçou. Aquele mesmo abraço.

- Gostei de te visitar, nos vemos alguma outra vez!?

- Claro, Claro..

Por dentro eu estava me matando. Ele me olhou estranho. Eu não resisti.

O abracei de novo e quando o soltei ele disse:

- Desculpa..

E me beijou! Foi rápido. Me soltou e eu não me envergonhei mais. Dei aquele beijo que queria dar há tempos, com vontade, loucura, desejo.. eu não podia me conter mais.

Fechei a porta e sorri, o empurrei para o sofá novamente..

Aquilo era simplesmente o que eu queria fazer desde que o vi. Em meio de tantos beijos, de tantos abraços, de tantos carinhos e de toda a minha vontade, minha paixão só aumentava..

Derrepente..

Acordei..